segunda-feira, dezembro 31, 2007

bom ano

Para quem tem paciência para dar uma vista de olhos a este blogue soturno e meio abandonado, os meus votos de toda a felicidade do mundo neste novo ano que é já amanhã.
E abraços

domingo, dezembro 30, 2007

escrito

era um centauro louro
louro como um albino
branco como um albino

era um albino

era um narciso amarelo
amarelo como o sol

mas não era o sol

era o mar na minha alma
azul como o mar
verde como o mar
profundo como o céu
longínquo como deus
imponente como as asas
de uma libélula
etéreo como um leve sorriso
de malmequer


loiro loiro era
pois
o meu amor
de centauro
o meu narciso afogado

belo belo era o mar
da minha alma ressequida
e sequiosa

mfs

sábado, dezembro 29, 2007

Chico Buarque




Chico Buarque, ontem na rtp2

um prazer imenso

sexta-feira, dezembro 28, 2007

02


02
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de onomatoh

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Bone Stretching

Federico García Lorca

NORMA Y PARAISO DE LOS NEGROS

Odian la sombra del pájaro
sobre el pleamar de la blanca mejilla
y el conflicto de luz y viento
en el salón de la nieve fría.

Odian la flecha sin cuerpo,
el pañuelo exacto de la despedida,
la aguja que mantiene presión y rosa
en el gramíneo rubor de la sonrisa.

Aman el azul desierto,
las vacilantes expresiones bovinas,
la mentirosa luna de los polos.
la danza curva del agua en la orilla.

Con la ciencia del tronco y el rastro
llenan de nervios luminosos la arcilla
y patinan lúbricos por aguas y arenas
gustando la amarga frescura de su milenaria saliva.

Es por el azul crujiente,
azul sin un gusano ni una huella dormida,
donde los huevos de avestruz quedan eternos
y deambulan intactas las lluvias bailarinas.

Es por el azul sin historia,
azul de una noche sin temor de día,
azul donde el desnudo del viento va quebrando
los camellos sonámbulos de las nubes vacías.

Es allí donde sueñan los torsos bajo la gula de la hierba.
Allí los corales empapan la desesperación de la tinta,
los durmientes borran sus perfiles bajo la madeja de los caracoles
y queda el hueco de la danza sobre las últimas cenizas.

Federico García Lorca

Walt Whitman

I celebrate myself,
And what I assume you shall assume,
For every atom belonging to me as good belongs to you.

I loafe and invite my soul,
I lean and loafe at my ease observing a spear of summer grass.

My tongue, every atom of my blood, formed from this soil, this air,
Born here of parents born here from parents the same, and their parents


the same,
I, now thirty seven years old in perfect health begin,
Hoping to cease not till death.
Creeds and schools in abeyance,
Retiring back a while sufficed at what they are, but never forgotten,
I harbor for good or bad, I permit to speak at every hazard,
Nature without check with original energy.

Walt Whitman
Song Of Myself

Arthur Rimbaud

"Me voici sur la plage armoricaine. Que les villes s'allument dans le soir.
Ma journée est faite ; je quitte l'Europe.
L'air marin brûlera mes poumons ; les climats perdus me tanneront.
Nager, broyer l'herbe, chasser, fumer surtout ;
boire des liqueurs fortes comme du métal bouillant,
- comme faisaient ces chers ancêtres autour des feux.

Je reviendrai, avec des membres de fer, la peau sombre, l'oeil furieux :
sur mon masque, on me jugera d'une race forte. J'aurai de l'or : je serai oisif et brutal.
Les femmes soignent ces féroces infirmes retour des pays chauds.
Je serai mêlé aux affaires politiques. Sauvé.

Maintenant je suis maudit, j'ai horreur de la patrie.
Le meilleur, c'est un sommeil bien ivre, sur la grève.

Arthur Rimbaud
(Une Saison en Enfer)

Ana Paula Ribeiro Tavares

VIERAM MUITOS...
"A massambala cresce a olhos nus"


Vieram muitos
à procura de pasto
traziam olhos rasos da poeira e da sede
e o gado perdido.

Vieram muitos
à promessa de pasto
de capim gordo
das tranquilas águas do lago.
Vieram de mãos vazias
mas olhos de sede
e sandálias gastas
da procura de pasto.

Ficaram pouco tempo
mas todo o pasto se gastou na sede
enquanto a massambala crescia
a olhos nus.

Partiram com olhos rasos de pasto
limpos de poeira
levaram o gado gordo e as raparigas.

Ana Paula Ribeiro Tavares
(in «O Lago da Lua»)

Ana Hatherly

Wer abend sind sie, sag mir, die Fahrenden

Os errantes
os fugazes viajantes
que nós somos
buscando sempre a vibração perdida
diariamente caem
da árvore da memória
onde brilha o nome
o melancólico ansiado barco

Oh que percurso essencial
descrevem os errantes
na sua busca em queda abismados
sobre si mesmos voltados
percorrendo
a arriscada síntese do exílio!

E tu
vontade insatisfeita
onde encontrarás
os frutos da árvore do querer
as alegrias do estar e do ser
que nos rompem o peito
de tanto as ansiar?

A rosa do olhar
que na procura reverdece
a todo o instante esquece
o som da queda
e escuta só
o tilintar da sorte
no inventado bolso da esperança
que nos empurra
impele
lisonjeia
num breve sorriso captado
num furtivo afago
ilusão de ternura

Mas logo logo
algo nos arranca o curativo
nos retira o tapete mágico do repouso
nso remete
para a nossa condição de feridos atingidos

E na busca heróica
do instante transfigurado
o activo martírio de prosseguir
faz de nós
eternos estrangeiros mal-amados
desamparados
peregrinos recém-chegados

Ana Hatherly

experiências




Fotos



http://flickr.com/photos/onomatoh/2128114433/

segunda-feira, dezembro 24, 2007

escrito

a sombra da minha voz vagueia pelos recantos
do meu jardim de estátuas incandescentes
os olhos recordam os nevoeiros como cortinados
flutuantes
nas planuras da minha eternidade
enquanto as chamas das noites obliteradas
devoram as sementes das gotas caídas
das folhas vermelhas do outono que se fina
em nuvens doiradas

mfs

Boas Festas

 
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quinta-feira, dezembro 20, 2007

computador


ando a fazer "gracinhas" no computador

Exageros

Cesariny

gravura


as cores do original são diferentes destas..

EMILIO ADOLFO WESTPHALEN

O MAR NA CIDADE


Será este o mar que se arrasta pelo campos,
Que rodeia os muros e as torres,
Que levanta mãos como ondas
Para avistar de longe a sua presa ou a sua deusa?

Será este o mar que tímida, amorosamente
Se perde por ruelas e pracetas,
Que invade jardins e lambe pés
E lábios de estátuas quebradas, caídas?

Em si folhas, pétalas, insectos.
Que busca o mar na cidade deserta,
Já abandonada por gatos e cães,
Sossegadas todas as suas fontes,
Mudos os tenues campanários?

A ronda inesgotável prossegue,
O mar curva o lombo e repete
A sua canção, emissário da vida
Devorando tudo o que está morto e putrefacto.

O mar, o terno mar, o mar das origens,
Recomeça o trabalho velho:
Limpar os estragos do mundo,
Cobrir tudo com uma rosa dura e viva.


EMILIO ADOLFO WESTPHALEN (1911)
O Mar na Poesia da América Latina (Antologia)
(tradução de José Agostinho Baptista)

Aleksandr Púchkin

NOITE DE INVERNO


A tempestade tolda os ares,
A neve gira em torvelinho
Ora como a besta a uivar,
Ora num choro de menino.
Ora revolve o colmo antigo
E gasto do nosso palheiro.
Ora nos bate ao postigo
Como tardio caminheiro

Tristonha e escura choça velha,
Tão decrépito o nosso abrigo
Querida velhinha, por que velas
Tu tão calada ao postigo?
Talvez te quebre de fadiga
A borrasca feia a rugir,
Talvez te enleies, minha amiga,
Sob o teu fuso a zumbir?

Por desespero, ó mais dilecta
Da minha jovem condição,
Bebamos; que é da caneca?
Seja alegre o coração.
Canta-me a da cotovia
Que além do mar vive em amor;
Canta a da donzela, como ia
Buscar água pelo alvor.

A tempestade tolda os ares,
A neve gira em torvelinho,
Ora como besta a uivar,
Ora num choro de menino.
Por desespero, ó mais dilecta
Da minha jovem condição,
Bebamos, que é da caneca?
Seja alegre o coração.


ALEKSANDR PÚCHKIN (1799-1837)
O Cavaleiro de Bronze e Outros Poemas
(tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra)

chuva

 
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chuvinha

 

parece que desta vez é a sério
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Vincent (Starry Starry Night) - Don McLean

terça-feira, dezembro 18, 2007

domingo, dezembro 16, 2007

traduções

pus-me a fazer traduções dos meus escritos com o babylon e deu isto...

09-05-2007
symmetrical soul



we will make a pact
symmetrical soul
never seen in
any horizon

we will stamp the pact
with the lymph where if they bathe
our feelings
made bristle of tremendous
hesitations

we will keep the pact
in the magical safe
of the true things
of the desired things
in our decrepitude

we will forget the safe
the pact
the true things
desired
in the limbs
of the perdições

we will full of gold
the branches
taken away the leaves of
trees without raízes
of the emptied trees
of the volatile seiva
of the fragile wire
of silver
that it joins the things
desunidas

we will make a cupola
of waters
in symphonies
transparent
e light of palcos
inhabited

we will be
the constructors of ours
harmonias
the parents of the imanentes
regatos
of our hydrography

new deuses we will be
my symmetrical soul



to the surface of the fire...




to the surface of the fire the breath of the balances
the fragile irony of the contrary the full spaces of vacuum
the grafismos that if free of the grumbles of the plants
trippings to the side-sea

in the heart of the fire the imprisoned palpitations of águs
the umbilicais laces that if entrançam blacken
vísceras that they listen Bach sings the volatile choirs
they are breached in particles you did not observe

in the brilliant souls of the lying nados-dead on
dilacerados veils of fiancés dyed invisivilidade
the unsurmountable doors of the other universes
that of far in poetical improbabilities wave to them




m.f.s.






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Labels: m. fernanda hisses

o fernanda hisses é o máximo...

sábado, dezembro 15, 2007

escrito

faço uma longa espera à porta do universo
as mãos estendidas no êxtase da esperança
olhos virados para as paisagens oníricas

espero infinitamente a ordem das relíquias divinas
o canto dos sacerdotes nos altares dos deuses vivos
o passear dos louros felinos no horizonte das savanas

procuro os sinais do fim das querelas entre soldados
de nações em decadência esquecidas dos seu destinos
recuo diante das sombras enegrecidas de fatalismos

agarro-me à salvação dos proscritos em que me encontro
irei no sentido que delineei ao acordar para a imagem de mim
regresso à porta universal nas volutas musicais da minha
euforia

mfs

escrito

todas as flores se desdobram em precárias pétalas
esvoaçantes nas brisas mornas de verões dourados
todas as folhas valseiam nas primeiras atmosferas
esfriadas dos outonos em extasiantes fogos vegetais

todas as raízes descem às profundas camadas
dos solos humedecidos das frias águas invernais
todas as sementes se refugiam nos seus casulos
prontas a romper os frageis muros que as separam

do esplendor da luz que tinge de verde os rebentos

todas as flores despontam em luminosa euforia

todos os frutos se oferecem generosamente
a todas as gulas

mfs

quinta-feira, dezembro 13, 2007

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Ana Luísa Amaral

MÚSICAS

Desculpo-me dos outros com o sono da minha filha.
E deito-me a seu lado,
a cabeça em partilha de almofada.

Os sons dos outros lá fora em sinfonia
são violinos agudos bem tocados.
Eu é que me desfaço dos sons deles
e me trabalho noutros sons.

Bartók em relação ao resto.

A minha filha adormecida.
Subitamente sonho-a não em desencontro como eu
das coisas e dos sons, orgulhoso
e dorido Bartók.

Mas nunca como eles
bem tocada
por violinos certos.

Ana Luísa Amaral
Minha Senhora de Quê

Albano Martins

PEQUENAS COISAS

Falar do trigo e não dizer
o joio. Percorrer
em voo raso os campos
sem pousar
os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro
a alfazema. Pequenas coisas,
dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior: dizer
o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo. Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites. Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio.

Albano Martins
Escrito a vermelho
Campo das Letras
1999

domingo, dezembro 02, 2007

dormindo

 

Ainda sem vontade de esrever aqui deixo uma sugestão: dormir
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sábado, dezembro 01, 2007

 
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quinta-feira, novembro 29, 2007

quarta-feira, novembro 28, 2007

escrito

os poetas ambulantes constroem
as suas cabanas
à beira dos rios sem foz
perdidos nos céus sem fundo
inventam plasticidades barulhentas
entre as pálpebras
das musas singulares

como cisnes envergonhados

os poetas sabem que tudo é ilusão
que tudo é real
que tudo se sonha
impreterivelmente
como um fado de fractais

que não há reverso nem anverso

os poetas rejubilam todos os dias
entre as acácias perfumadas de amarelo
beijam as musas renitentes entre
folhas de malvasia
penteiam as longas madeixas
das fadas adormecidas entre maçãs
enquanto os príncipes libertadores
se perdem nos bosques escurecidos
de ausência lunar

os poetas escondem os sapatinhos de cristal
de todas as potenciais princesas
ainda gatas ao borralho
para depois os iluminarem
nos natais sem estrelas nem
cometas

os poetas são irónicos viajantes
em refazeres perpétuos
como a poesia cósmica

mfs

escrito

eis

o presente que se estende até ao futuro
em carne viva
engolindo o passado proscrito
ostracizado
até às brumas
do esquecimento

as íntimas paisagens
impressionistas em sois poentes
as silhuetas de estranhos
convidados no celestial banquete
condimentado pelo remorso
do tempo vazio

o expressionismo da vida
em suspensas lianas
ferozmente abanadas
pelos ventos solares
pelos batimentos dos corações
destruidos

a espera

o desespero do destino incompleto
trazido pelo mar até
à nossa porta entreaberta
a certeza do encobrimento do nosso rosto
para sempre invisível
intangível na sua etérea essência
não nascido neste universo

a imensidão dos escolhos nos caminhos
transversos
as bátegas de ironias que escondem
o imo da vida alheia
altas as vozearias dos inanimados

o medo

a dor escondida da incompreensão
a sensação da inutilidade
de tudo
da nossa existência
em sonhos nunca perpetuados
a ignorância do projecto
final
das razões implícitas e inexplicáveis
do passado
do presente
do futuro

a imediata certeza do motor
inicial
em êxtases divinais

mfs

terça-feira, novembro 27, 2007

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luz


2.ª carta

aqui estou de novo para te
construir um pouco
tu que não existes


vejo-te atrás de um espesso muro
silhueta sem contornos
pronto para partir
mais uma vez
partir
para os desertos da
colossal china medieva


visto-te de mandarim
e para melhor me veres
desenho-te uns olhos em fenda
negros como o cabelo
entrançado


voas como nuvens de tempestade
vestes flutuando em vertiginosos
malabarismos


ainda não sabes de mim
ainda não sabes que me deves
o desenho
dos teus brocados
amorosamente trabalhados
para divinizar
o que em ti é demasiado
terreno

amanhã voltarei
para te construir outro perfil

talvez

Mário Cesariny


Poesias

Onde uma pancada súbita nos faz largar a presa
onde o extremo limite do horizonte é assinalado por uma gigantesca toalha de pedra
onde não é conveniente que entre o homem
onde a fortuna a que os mestres aludem é um licor muito forte em ânforas de prata
onde os olhos se movem precipitadamente
onde um rosto azulado estremece de olhos fechados
onde a infinita meiguice dos noivos gravou a oiro as nuvens da montanha
onde a estatura atlética dos túneis chama dragões que cantam e atacam
onde novas pazadas de carvão fazem gritar dois homens aterrados
onde uma carta e a sua maravilhosa odisseia são dirigidas pelo desconhecido
[mau grado as explosões tremendas que se sucedem
graças a um filtro milagrosamente ileso que no interior da massa líquida descobre
a imensa distensão do globo
urna rosa de espuma
um cavaleiro em mutação constante
onde salta para leste-sudoeste o vento e o céu fica brilhante e a terra desconhecida
onde o assunto principal é uma pequena barca munida de dois pares de remos
[e oculta em certo ponto do paredão que serve
[de ancoradouro aos grilos e aos fantasmas
onde, presas da agitação que precipita as catástrofes
há quatro formas brancas no horizonte
onde o assalto é a última esperança
onde novos poetas sábios físicos químicos tiram os guardanapos do pão branco
[do espaço
e onde à luz amarela da lâmpada de arco que ilumina a estatura do homem
[recém-chegado
milhares de berços de soldados-crianças são atirados do deserto para o mar.

Mário Cesariny de Vasconcelos
ÁRVORE
folhas de poesia

segunda-feira, novembro 26, 2007

domingo, novembro 25, 2007

 
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1.ª carta

esta é uma carta de mim que
não conheces
para ti que não existes
e que conheço
um pouco

queria dar-te notícias vagas
da minha sombra esquiva
perdida nos vales das montanhas
de neve azul

sombra que teima em me perseguir

sobre ela posso dizer-te que
às vezes se confunde contigo
tornando-se mais etérea
mais diluída nos átomos
das vias cinzentas

nos dias sem chuva espero
que surjas à porta
da minha cabana citadina
com uma flor de luz
ao peito
uma pulseira de pérolas
para o meu frágil pulso
de mulher evanescente

e um traço vermelho
na tua sombra

espero que se conjuguem todos
os fados
para que te transformes
naquele que nunca existiu

desejo
que me imagines como sou
e me dês vida

agora vou viajar
por sendas de céus trovejantes
mas em breve aqui me terás
para construir mais uma dimensão
de ti
que não existes

mfs

sábado, novembro 24, 2007

escrito

sairei de mim todas as manhãs
para lavar o quarto onde a alma se aninha
expulsarei os dragões dos vestígios
meteóricos
que me apanharam desprevenida

sairei pelas rotas dos pássaros viageiros
a cavalo nas résteas de luz matinal
vergarei a minha sombra
sobre os campos de mortífera neblina

escutarei

escutarei atentamente o vibrar
das minhas células gastas
à procura da renovação eterna

beberei da água descoberta em marte

à noite recolherei ao meu quarto
limpo das miasmas corrosivas
fecharei os olhos em sintonia
com as imagens que me povoam as
pálpebras cerradas

mfs

quinta-feira, novembro 22, 2007

matéria

o sinal do nosso mapa
traçado na nossa pele
vestígios fosforescentes
das crateras abismais
que nos fizeram sair
da negra matéria de deus

Évora


a porta que é a
abertura fulcral
para o encontro de cada um
consigo mesmo
é também o compromisso
para o conhecimento

matagais

nos matagais
rumorosos
de insectos felizes

sonho

Acordaste alguma vez sentindo que precisavas de lembrar-te do sonho
Que qual brisa cálida se afasta de ti com a rapidez de um desafio?

vestido

tenho um campo de malmequeres
no meu vestido de trapos

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Vasco Ferreira Campos

ANTES QUE O VERÃO CHEGUE

Antes que o verão chegue
e as longas tardes
se espalhem pelo coração
e te prendam ao desgaste habitual
toca uma palavra
para que permaneça
na minha boca
onde mais ninguém
possa ficar confundido.
Uma apenas.

E vê como pesa menos sobre o silêncio
a sombra que vais mover.

Vasco Ferreira Campos
de A Voz à Chuva

MARIA VICTORIA ATENCIA

Pode a lua cegar-nos, ela que em nosso leito
nos convoca, nos fere fatalmente ou cativa,
fiéis a seu intento de um sono desvelado.
Abre-se a noite. Dura. A trepadeira é cúmplice.
Cai ao chão a roupa íntima. Porém, idêntica
aurora há-de velar-nos ou ser glória nossa.

MARIA VICTORIA ATENCIA
tradução de José Bento)

terça-feira, novembro 20, 2007

Ela chegou

 

Já se podem abrir os guarda-chuvas
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segunda-feira, novembro 19, 2007

 
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